Leitura e Subjetividade


Olá, pessoal! Como vocês estão?

Eu estou em choque, se querem saber. Porque só hoje, após receber alguns feedbacks do meu conto "O Rei dos Assassinos", é que vim refletir sobre o quanto de nós mesmos interfere na experiência da leitura.

Mas Gabriela, que papo é esse?!

É simples, gente. Um exercício muito besta pode exemplificar a brisa cosmológica que acabo de redigir acima (risos altos): 

  • Quando você lê a frase “Dimitri era um homem belo, de cabelos escuros, traços firmes e olhar incisivo”, o que vem à sua mente, além da moldura que acaba de ler?

Ainda que o livro esboce o personagem para você, sua cabecinha de leitor sempre trabalhará para completar as lacunas. Para alguns, o conceito de “homem belo” seja um cara com olhos grandes, boca larga, barba bem-feita. Para outros, olhos mais miúdos, repuxados, lábios finos e pele lisa.

Isso tudo porque o seu conceito de “homem belo” foi construído pelas experiências que você passou em TODA a sua vida. Não só com a beleza, mas com o conceito de bom, mau, admirável, insuportável... o que torna a experiência da leitura muito, muito, muito, MUITO louca!

Veja bem, aquele livro que você leu e amou, foi devido à bagagem que trouxe consigo até o momento em que entrou em contato com a obra. 

E não dá raiva quando uma pessoa simplesmente odeia aquela história que você venera? 
Dá, sim! Dá muita (risos nervousers), mas não podemos nos sentir assim.

Cada experiência que temos – tanto como leitores, quanto como simples mortais nesse mundo louco de pedra –, regerá nossas experiências da leitura. E isso é mágico, gente!

Isso torna a leitura uma das experiências mais intensas e íntimas que alguém pode ter.


E foi emocionante concluir isso, na pequenez do meu mundo de escritora. Já que, em O Rei dos Assassinos, eu retrato ninguém mais, ninguém menos, que o antagonista (vulgo “vilão”) da minha trilogia Subversivo. E ver a divisão de águas que a personalidade dele causou nos leitores foi incrível!

Para situá-los aos que não leram, Boris é um assassino nato. Herdeiro de uma facção de assassinos, foi criado para ser o melhor, se não fosse seu maior oponente pelo cargo e irmão gêmeo, Dimitri. Por não ser o filho favorito do líder, sua criação foi muito mais bestial e distante, o que o tornou frio, implacável e impiedoso. 

E enquanto 20% dos leitores (sendo generosa) se solidarizou com os conflitos internos de Boris, o restante simplesmente o julgou intragável. Suas ações, a forma com que Boris lida com as presas e as mata, mexeram com essa parcela de leitores, causando feedbacks inimagináveis para mim.

E muito embora eu tenha redigido o conto para divulgar Subversivo (já que dá para ler sem ter tido contato com o livro original), o resultado de sua publicação foi muito mais gratificante do que eu esperava.

Por isso, caso tenham curiosidade e/ou queiram passar nervoso com Boris e suas loucuras, leiam clicando aqui e me falem de que lado vocês ficaram!

E me contem: já pararam para pensar nisso tudo?

8 comentários:

  1. (Risos altos) por isso meus vilões e os cretinos são sempre lindos e maravilhosos e eu me apaixono por todos kkkkkkkk. Amei estar a par dessa analise tão interessante. Para os que gostam de escrever é uma postagem super recomendada.

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    1. EU AMO VILÕES TAMBÉM hahahahah. Somos duas :D
      Que bom que gostou do post <3 obrigada pela visita!

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  2. Adorei o conteúdo do seu texto! Sim, eu já parei para pensar nisso muitas vezes e realmente é algo muito real e que acontece frequentemente com a minha leitora interior, por exemplo: mesmo quando a autora descreve um "homem belo " tendo o cabelo escuro e muitos pelos rs' ou saradão demais, minha mente e conceito de "homem belo" não aceitam, e pode acreditar que metade do livro eu já imaginei para preencher as lacunas um homem lisinho, sem exagero de muscúlos, bem barbeado e de cabelos mais claros. Então, achei perfeito que veio aqui refletir sobre o quanto de nós mesmos interfere na experiência da leitura. Simplesmente adorei! Parabéns!

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    1. Exatamente! Que bom que encontrei alguém que também refletiu sobre isso. É lindo ver como um único texto pode ser margem para tantas interpretações, né?

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  3. Oi, tudo bem? Que reflexão mais interessante. Realmente a leitura é um reflexo das nossas experiências, do que somos e toda a bagagem que trazemos conosco. Quando cita no livro um lago com alguns bancos pode ter certeza que 100 pessoas lendo cada uma criará seu próprio lago. E essa é a magia de ser leitor. Além da opinião cada leitor enxerga de uma maneira. Beijos, Érika =^.^=

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    1. Adorei sua analogia do lago, é exatamente essa a magia dos livros! Obrigada pela visita <3

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  4. Siimm, sempre falo isso! A experiência de leitura é diferente para cada leitor. Por isso o que eu amo de paixão pode ser simplesmente um ok para outra pessoa. E tá tudo bem
    Somos diferentes e ao ler essas diferenças se revelam, assim alguns amam uma obra enquanto outros detestam.
    Belo texto sobre o assunto parabéns!

    Beijos,

    Carol Cavalcanti (https://reinodepapel.com

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    1. Exato, nossas diferenças fazem da obra algo "ruim" ou "belo", mas nada que possa ser considerado como uma única verdade (afinal, somos diferentes e únicos no mundo!). Adorei suas considerações <3

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